Ônibus quebrado na Rua Floriano Peixoto
Petrópolis, cidade serrana do RJ, que possui pouco menos de 300.000 habitantes, é conhecida nacionalmente como um dos principais pontos turísticos do estado. A elite local sempre “vendeu” uma imagem de perfeição, atraindo todo ano milhares de turistas. Porém, a realidade da população local é bem distinta. Além de todos os problemas vividos em qualquer cidade brasileira, o povo tem sido vítima de um transporte caótico, misto de uma das passagens mais caras do país (R$ 2, 50), com ônibus sucateados, filas intermináveis, trânsito mal planejado, etc.
Em 2006, de maneira obscura, a prefeitura renovou o contrato de todas as empresas de ônibus, sem abrir licitação e sem exigir renovação na frota. No ano de 2009 (após a vitória do oposicionista e atual prefeito, Paulo Mustrangi – PT) era visível que mudanças precisavam ser efetuadas, mas a única atitude tomada foi a implementação do sistema de integração aberta (antes feita em terminais de desembarque), não resolvendo a situação, que em 2010 piorou. Quase todos os dias, ônibus quebram, passageiros esperam horas nas imensas filas e veículos imundos saem às ruas. No dia 03 de março a prefeitura convoca uma reunião do Conselho Municipal de Trânsito, onde junto dos empresários (após acusarem-se pela situação do transporte), e diante da pressão popular (mais de 300 pessoas estiveram presentes), comprometem-se a resolver a situação dentro de 30 dias. Porém, mesmo indo contra a vontade das empresas, a prefeitura limita-se a uma intervenção em 3 destas e após ter injetado 5 milhões dos cofres públicos é obrigada â caçar a concessão das mesmas e abrir processo licitatório (demoraram até o final de setembro para fazer o óbvio). Além da compra de alguns ônibus novos por empresas que ficaram de fora da intervenção, nada de concreto foi feito para resolver o transporte público que ameaça entrar em colapso a qualquer momento, muito pelo contrário, já que o prefeito decretou o aumento da tarifa que já era absurda (R$ 2,20), dificultando ainda mais a vida dos cidadãos..
Algumas medidas imediatas precisam ser tomadas, como o escoamento do trânsito no centro da cidade, a renovação da frota (grande parte dos ônibus já ultrapassaram seu tempo de vida útil), a redução da tarifa, etc. Além disso, os responsáveis precisam responder criminalmente pela situação desgraçada em que deixaram o povo, que vem resistindo através de manifestações localizadas (partidos tradicionais e parte considerável das entidades do movimento social vêm se omitindo, já que possuem interesses ligados à prefeitura e empresários).
Toda essa situação mostra a fragilidade que é termos empresas privadas responsáveis por serviços públicos essenciais, delegando ao Estado apenas o papel de fiscal. Em Petrópolis, ambos falharam e quem está pagando até hoje é a população trabalhadora.
Diego Grossi
Publicado originalmente (com pequenas modificações) no Jornal Inverta 448
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